INDIOS E EMPRESAS EM TENSÃO CRESCENTE E PREOCUPANTE
* Tensão entre empresas e índios cresce e preocupa
É crescente a tensão entre índios brasileiros e empresas.
De um lado, fabricantes de matérias-primas expandem a produção, em regiões que provocam impactos em comunidades indígenas.
De outro, os índios tornam-se cada vez mais dependentes dos recursos pagos por empresas a título de compensação.
Além disso, têm registrado crescimento populacional acima da média do país, o que aumenta a demanda de recursos.
Em 1978, os índios estavam reduzidos a 180 mil pessoas. A partir da década de 80, voltaram a crescer e hoje já são 500 mil (há ONGs que estimam até 700 mil).
Nas comunidades assistidas pelas empresas, o crescimento é maior, por conta da melhoria das condições de saúde.
Os recursos do governo para as comunidades são insuficientes.
A Funai tem anualmente R$ 97 milhões - R$ 194 per capita - para aldeias em lugares remotos e espalhadas por todo o país.
A Vale do Rio Doce destina R$ 19 milhões anualmente aos 3,7 mil índios com os quais tem convênios, ou R$ 5.135 per capita.
Com demandas crescentes, indígenas têm partido para invasões.
Manifestações em três Estados provocaram impacto de US$ 62,4 milhões na receita da Vale em 2005 e 2006.
No Espírito Santo, uma invasão trouxe prejuízo à Aracruz de R$ 2,5 milhões. As empresas sofrem ainda com o impacto sobre sua imagem, o que os índios parecem já ter percebido.
"Enquanto a gente fica de braços cruzados, ninguém se manifesta.
Tem que mexer na parte econômica", diz Paulo Henrique Vicente Oliveira, da aldeia de Caieiras Velha (ES), que reivindica demarcação de terras.
A tensão pode crescer ainda mais com o projeto que permitirá a mineração em áreas indígenas. Muitas comunidades são contra a exploração.
As empresas têm dificuldades para entender o índio brasileiro.
Eles entraram no mercado de consumo, mas sem abandonar sua cultura.
Na aldeia dos xikrin, no Pará, por exemplo, apesar de terem casa, luz elétrica, carro e tevê, eles se pintam para festas e falam a língua nativa.
Funai e empresas têm tentado direcionar os recursos para projetos auto-sustentáveis.
O antropólogo César Gordon, que estudou os xikrin, diz que projetos baseados no extrativismo e na criação de animais não são adequados.
(VALOR ECONÔMICO - SINOPSE RADIOBRÁS)
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