sábado, 19 de julho de 2008

Com bloqueio e tiros, índios e fazendeiros querem PF

Em Antônio João, índios e fazendeiros estão à espera da PF (Polícia Federal) para que seja liberada a estrada que dá acesso às fazendas Cedro, Barra e Fronteira. O bloqueio teve início ontem, após denúncia de que seguranças de uma das fazendas atiraram contra os índios.

A PF de Ponta Porã confirmou que houve disparos contra os guarani caiuá que tentavam retirar madeiras da propriedade durante a noite. Os funcionários alegam que os tiros foram disparados apenas como forma de intimidação. Mas segundo a PF, um dos tiros só não acertou as costas de um índio porque ele carregava madeira no momento do confronto.

A tensão é marca constante na região, que aguarda há anos decisão da Justiça sobre o conflito fundiário. “Parece Velho Oeste”, exemplifica Isaías Sanches Martins, professor na aldeia do distrito de Campestre, que fica próximo à área em disputa.

Ele relata que, por meio de acordo, os indígenas podem ocupar 26 hectares da fazenda Fronteira. Apesar de subdividida em três propriedades, a fazenda, no processo judicial, é denominada somente como Fronteira. De acordo com Isaías, o último conflito foi motivado por lenha. Conforme o professor, os seguranças querem impedir o acesso para extração da madeira, contudo, um segundo acordo também permitiria “tirar lenha”.

No ano passado, uma ação da PF na fazenda Fronteira resultou na apreensão de dois fuzis. “Compraram mais armas e quando a polícia vem, entram no mato”, relata. Em 2008, os indígenas encaminharam cerca de 30 denúncias de ameaça ao MPF ((Ministério Público Federal).

Problema nenhum – “Não houve problema nenhum, porque senão a PF teria nos procurado”, assegura Roseli Maria Ruiz, esposa de Pio Queiroz Silva, proprietário da fazenda Barra. De acordo com ela, os funcionários de depararam com o bloqueio, mas ninguém soube da ocorrência dos disparos. Roseli relata que o fechamento do acesso já foi informado à justiça Federal e à Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública).

Ontem, a PM (Polícia Militar) foi ao local, porém a ação em área indígena é facultada à PF. Ela enfatiza que a Funai (Fundação Nacional do Índio) tem o dever de atender os indígenas, o que inclui o envio de lenha. A segurança da fazenda é feita por uma empresa privada.

Campo Grande News

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