domingo, 26 de agosto de 2012


Vídeo: desfile em comemoração ao aniversário de Aquidauana




segunda-feira, 20 de agosto de 2012


Prestígio e dinheiro atraem índios para a carreira militar

Atualizado em  16 de agosto, 2012 - 04:43 (Brasília) 07:43 GMT
O soldado Edgar Cardoso com sua mulher em aldeia indígena em São Joaquim (foto: Exército/divulgação)
O soldado Edgar Cardoso com sua mulher em aldeia indígena em São Joaquim, no Amazonas
O emprego do índio Edgar Alves Cardoso, de 24 anos, membro da etnia Pira-tapuya, é defender o rio Içana, um afluente do alto rio Negro, no extremo da fronteira de selva do Brasil com a Colômbia.
Ele nasceu em Yauaretê, vila próxima a São Gabriel da Cachoeira, a principal cidade do extremo norte do Estado do Amazonas, com 38 mil habitantes, e se alistou no Exército como soldado em 1º de março de 2008.
Hoje ele vive com a mulher, também indígena, da etnia Kuripaco, na aldeia da família dela em São Joaquim, a 326 quilômetros ao norte de sua terra natal.
Cardoso trabalha em uma base vizinha à aldeia, o Pelotão Especial de Fronteira de São Joaquim - a unidade militar brasileira mais isolada da selva amazônica. A pequena vila militar não tem telefone e fica a quatro dias de barco de São Gabriel da Cachoeira.
Sua história representa uma opção social bastante cobiçada por indígenas das 14 etnias que habitam a região do alto rio Negro, no Amazonas: entrar para o Exército.
O emprego militar não só é uma boa fonte de renda como dá um certo prestígio social ao indígena em sua comunidade.
"É muito comum ao indígena, ao final do tempo de serviço militar, retornar como uma liderança natural em sua comunidade", disse o general Luiz Sérgio Goulart Duarte, comandante da 2ª Brigada de Infantaria de Selva.
Hoje, dos cerca de 1.400 militares que defendem a fronteira do Brasil com a Colômbia e a Venezuela, 70% são indígenas, segundo Duarte. Os maiores centros de recrutamento são as cidades de São Gabriel da Cachoeira, Barcelos e Santa Isabel do Rio Negro.

Técnicas indígenas

No Pelotão Especial de Fronteira, a cultura e as habilidades de sobrevivência dos povos nativos do alto Rio Negro são um diferencial entre os "militares índios" e oficiais e praças nascidos em outras regiões do país.
Cardoso costuma até dar "aulas particulares" para oficiais recém chegados à região. O aluno mais recente foi um tenente interessado em aprender a nadar em rios da Amazônia.
"Nadar no rio é muito diferente de nadar em piscina. Ele nem sabia nadar, era igual a uma pedra. Ele combinava uns horários comigo e a gente treinava as técnicas. Natação, flutuação e nado submerso".
O nado dos indígenas - parecido com o nado de peito, mas sem afundar a cabeça na água - foi uma das técnicas incorporadas pelo Exército para operações de combate na selva.
"O tenente perguntou se podíamos treinar na chuva e a gente treinava na chuva. Ensinei a ele que, quando o rio estava cheio, ele podia se segurar nos galhos das árvores que estavam encostando na água", disse.
Cardoso se diz orgulhoso do "aluno". Após uma temporada em São Joaquim, ele conseguiu passar e se formar no curso do Centro de Instrução de Guerra na Selva - um dos mais duros treinamentos para formar militares de elite no país e também reconhecido internacionalmente.
Contudo, segundo Cardoso, o conhecimento indígena não fica apenas na teoria.
Em um episódio recente, ele participava como operador de rádio em uma patrulha de reconhecimento de fronteira no rio Aiari. Seu grupo de militares não conseguiu retornar no prazo de oito dias à base e ficou sem comida.
"O suprimento (de alimentos) acabou e a gente teve que se virar. Veio à minha mente que tinha frutas na mata. Eu e um sargento fomos procurar. Algumas frutas não são comestíveis e eu ajudei o sargento a pegar as comestíveis", afirmou.

Carreira

Contudo, apesar da grande contribuição dos índios ao Exército, a maioria não consegue chegar ao oficialato e permanece em patentes mais baixas.
Não há, por exemplo, oficiais generais puramente indígenas - embora alguns descendentes de índios tenham conseguido chegar a essa patente.
Segundo Duarte, a dificuldade de ascensão do índio na hierarquia do Exército está relacionada ao fato dos concursos públicos para oficiais e sargentos não fazerem distinção entre índios e não índios. Como grande parte dos indígenas ainda enfrenta deficiências na formação educacional tradicional, poucos têm acesso às escolas de formação militar.

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domingo, 19 de agosto de 2012


Indígenas ajudam Exército a defender fronteira do Brasil

Atualizado em  16 de agosto, 2012 - 04:36 (Brasília) 07:36 GMT
O soldado Edgar Cardoso em frente ao pelotão de São Joaquim (foto: divulgação/Exército)
O soldado Edgar Cardoso em frente ao Pelotão Especial de Fronteira de São Joaquim (AM)
Situado na fronteira do Brasil com a Colômbia, o Pelotão Especial de Fronteira de São Joaquim é a base militar mais remota da Amazônia brasileira. Suas trincheiras e casas vermelhas de madeira ficam separadas de uma aldeia de índios Kuripaco por uma cerca e uma pista de pouso de 1.200 metros, raramente usada pela Força Aérea.
Grande parte dos 100 militares que trabalham no pelotão é de origem indígena. Eles são o exemplo de uma tendência adotada pelo Exército brasileiro: contratar índios para defender e patrulhar a floresta amazônica.
Os indígenas atualmente representam cerca de 70% dos 1.400 militares da 2ª Brigada de Infantaria de Selva, que agrupa sete bases avançadas nas fronteiras com a Colômbia e a Venezuela, além de um complexo militar na maior cidade do extremo norte do Amazonas: São Gabriel da Cachoeira, de 38 mil habitantes.
Eles são recrutados entre os cerca de 30 mil índios de 14 etnias que habitam a região do alto rio Negro.
São Joaquim, uma dessas sete bases avançadas, está situada a 326 quilômetros de São Gabriel da Cachoeira e a 90 quilômetros do vilarejo colombiano de Mitú, ambos embrenhados na floresta equatorial.
Essas distâncias ficam ainda maiores quando se leva em conta que o deslocamento na região é feito majoritariamente pelos rios, pois não há estradas e não é possível andar longas distâncias pela selva fechada.
A viagem de barco dura em média quatro dias. Ela é realizada em pequenas embarcações equipadas com motores de 40hp conhecidas como "voadeiras" - que precisam ser carregadas nas costas nos sete trechos em que o rio forma cachoeiras maiores.
Mapa da região do alto rio Negro, no Amazonas
Pelotão Especial de Fronteira de São Joaquim é a base mais remota da Amazônia brasileira
O pelotão foi instalado em 1988 para defender o rio Içana, que nasce na Colômbia e deságua no rio Negro, no Brasil, funcionando como uma via de ligação fluvial - não muito utilizada - entre os dois países.
Ele não passa de uma pequena vila militar com algumas fortificações e um posto de saúde atendido por um médico, um farmacêutico e um dentista. Não há telefone, apenas estações de rádio.

Dialetos

Apesar da existência de uma pista de pouso na localidade, os voos da Força Aérea que abastecem o pelotão com equipamentos e comida não são frequentes. Por vezes, o aeródromo fica mais de um mês sem receber voos.
Isso significa que quando o clima instável da região não permite o pouso do avião, os militares que moram na base ficam sem comida. Uma solução é fazer o trajeto de barco de quatro dias.
Mas, o mais comum é o recurso a um sistema de trocas de combustível por alimentos com os cerca de 8.000 índios das 46 aldeias Kuripaco e Baniwa situadas ao longo do rio Içana.
Na hora de negociações como essa, a presença do militar indígena é fundamental, segundo o Exército.
"Às vezes a comunidade ajuda com o transporte dos materiais. Às vezes trocam coisas com o pelotão, como peixe e farinha (de mandioca) por gasolina para gerador e para as rabetas (motores de popa)", disse o soldado Edgar Alves Cardoso, de 24 anos, militar da etnia Pira-tapuya, que trabalha no pelotão e vive com a mulher, uma índia Kuripaco, na aldeia ao lado da base.
Segundo ele, em toda a região do alto rio Negro, cada aldeia fala um dialeto diferente, de acordo com a etnia de seus habitantes. Contudo, a maioria das populações ribeirinhas fala o "tukano", que funciona como uma espécie de língua comum. Os militares índios atuam então como tradutores e negociadores para seus oficiais.

Habilidades

General Luiz Sérgio Goulart Duarte (foto: Exército/Divulgação)
General Luiz Sérgio Goulart Duarte: "indígenas são excelentes exploradores e guias".
Mas não é apenas a facilidade com os dialetos que torna os indígenas militares de alto valor para o Exército.
"O militar de origem indígena tem muita facilidade para realizar as tarefas relacionadas à vida e ao combate no interior da selva, por estar completamente integrado nesse ambiente", afirmou o general Luiz Sérgio Goulart Duarte, comandante da 2ª Brigada de Infantaria de Selva.
"São excelentes exploradores e guias; têm bastante experiência em pilotar embarcações, o que é uma característica essencial para quem navega no alto rio Negro, onde existem muitas corredeiras e bancos de areia", disse o general.
"Os indígenas conhecem os lugares por onde passar a voadeira nas cachoeiras. Sabem onde são as comunidades (indígenas), quantas pessoas moram lá, suas crenças. Têm conhecimento de plantas medicinais e podem dar amparo a qualquer ferimento que aconteça nas missões", disse o soldado Cardoso.
As técnicas indígenas de sobrevivência e combate na selva - herdadas de comunidades nativas da Amazônia e que incluem desde a obtenção de alimento a técnicas de acampamento, natação e localização- não são usadas apenas no dia-a-dia das bases militares de fronteira. Foram incorporadas pelo Exército e hoje são ensinadas nos cursos do CIGS (Centro de Instrução de Guerra na Selva).
A unidade, sediada em Manaus, forma militares de elite do Exército e se tornou referência internacional em técnicas de combate em ambiente de floresta.

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domingo, 12 de agosto de 2012


IBGE confirma que índios estão mais protegidos em terras reconhecidas pelo governo

11/8/2012 17:20, Por Redação, com ABr - do Rio de Janeiro
Índios
Há grupos entre 251 e 500 índios em terras indígenas, com média de até 17,4 anos
As etnias indígenas mais numerosas e a maior parte dos índios que ainda falam língua própria estão concentradas em terras indígenas reconhecidas pelo governo. É o que revelam os dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao todo, no Brasil, vivem nessas áreas 571 mil índios de 250 etnias, de um total de 896 mil.
Para a pesquisa, o IBGE contou com uma lista de mais de 500 nomes de etnias, catalogados por especialistas e pela Fundação Nacional do Índio (Funai). Ao fazer as entrevistas, o IBGE descobriu povos que se supunham desaparecidos como os tamoios, tradicionais do Sudeste, e confirmou a prevalência de outros, como os Charruás, do Sul, possivelmente oriundos da Argentina.
Outro dado que reflete mais proteção aos índios nas terras indígenas é o número de indivíduos. Há grupos entre 251 e 500 índios em terras indígenas, com média de até 17,4 anos. Fora delas, prevalecia a concentração de etnias com até 50 pessoas e estava a maioria dos 16,4% dos índios que não sabiam sua etnia, com até 29,2 anos.
O IBGE destaca que, das 15 etnias com maior número de indígenas, a Tikúna, do Amazonas, de 46 mil indivíduos, “teve o resultado influenciado pelos 85,5% residentes nas terras indígenas”.
“Os dados apontam que, nessas áreas, eles têm mais condições de manter suas tradições culturais, costumes e sua própria condição de existência”, afirmou a responsável pela pesquisa, Nilza Pereira. “Existe uma maior preservação da organização social, com certeza.”
Em apenas seis terras das 505 consideradas nas pesquisas, tinham mais de 10 mil índios e 107 tinham entre mais de mil e 10 mil, e, em 291, havia entre 100 e mil índios.
O Censo 2010 revelou que 274 línguas indígenas são faladas nos país por 37,4% índios com mais de 5 anos de idade, sendo que 6 mil deles falam mais de duas. A fluência em pelo menos uma língua foi verificada em 57,3% dos índios dentro das terras indígenas. Já fora, caiu para 12,7% desses índios. O português não era hábito de 16,3% do total, cerca de 30 mil pessoas.
As regiões com maior percentual de línguas indígenas são a Norte – que tem o maior número de terras indígenas reconhecidas – e a Centro-Oeste. Já a Região Nordeste, com menor número de terras indígenas, apresentou a menor proporção de índios bilíngues.
Os dados da pesquisa revelam que há desafios a serem superados, como na área de educação. Dentro das terras indígenas, a taxa de alfabetização é 67,7% enquanto para os índios que deixaram as aldeias, o percentual é 85,5%. Entre a população não índia, 90,4% das pessoas são alfabetizadas. Ainda assim, o indicador melhorou nos últimos dez anos, acompanhando as taxas verificadas no total da população brasileira.

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sábado, 11 de agosto de 2012



Censo 2010: população indígena cresceu 205% em duas décadas



Dados do Censo 2010, divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE, Mostram que existem 896,9 mil indígenas no país, 36,2% em área urbana e 63,8% na área rural. O total inclui os 817,9 mil indígenas declarados no quesito cor ou raça (e que servem de base de comparações com os Censos de 1991 e 2000) e também as 78,9 mil pessoas que residiam em terras indígenas e se declararam de outra cor ou raça (principalmente pardos, 67,5%), mas se consideravam “indígenas” de acordo com aspectos como tradições, costumes, cultura e antepassados. 
Com base nesses dados, a população indígena no país cresceu 205% desde 1991, quando foi feito o primeiro levantamento no modelo atual. À época, os índios somavam 294 mil. O número chegou a 734 mil no Censo de 2000, 150% de aumento na comparação com 1991.
Também foram identificadas 505 terras indígenas, cujo processo de identificação teve a parceria da Fundação Nacional do Índio (Funai) no aperfeiçoamento da cartografia.
Essas terras representam 12,5% do território brasileiro (106,7 milhões de hectares), onde residiam 517,4 mil indígenas (57,7% do total). Apenas seis terras tinham mais de 10 mil indígenas, 107 tinham entre mais de mil e 10 mil, 291 tinham entre mais de cem e mil e em 83 residiam até cem indígenas. A terra com maior população indígena é Yanomami, no Amazonas e em Roraima, com 25,7 mil indígenas.
Foi observado equilíbrio entre os sexos para o total de indígenas (100,5 homens para cada 100 mulheres), com mais mulheres nas áreas urbanas e mais homens nas rurais. Porém, percebe-se um declínio no predomínio masculino nas áreas rurais entre 1991 e 2010, especialmente no Sudeste (de 117,5 para 106,9) Norte (de 113,2 para 108,1) e Centro-Oeste (de 107,4 para 103,4).
A pirâmide etária indígena tem a base larga e vai se reduzindo com a idade, em um padrão que reflete suas altas taxas de fecundidade e mortalidade, bastante influenciadas pela população rural. Em 2010, havia 71,8 indígenas menores de 15 anos ou de 65 anos ou mais de idade para cada 100 ativos. Já para os não indígenas, essa relação correspondia a 45,8 inativos para cada 100 em idade provável de atividade.
Na área rural, a proporção de indígenas na faixa etária de 0 a 14 anos (45,0%) era o dobro da área urbana (22,1%), com o inverso acontecendo na faixa de 65 anos ou mais (4,3% na rural e 7,0% na urbana). A pirâmide etária dos indígenas residentes fora das terras indígenas indica baixa fecundidade e mortalidade. Já para os indígenas residentes nas terras, a pirâmide etária ainda é resultante de uma alta natalidade e mortalidade. Metade da população indígena tinha até 22,1 anos de idade. Nas terras indígenas, o índice foi de 17,4 anos e, fora delas, 29,2 anos.
O Censo 2010 investigou pela primeira vez o número de etnias indígenas (comunidades definidas por afinidades linguísticas, culturais e sociais), encontrando 305 etnias, das quais a maior é a Tikúna, com 6,8% da população indígena. Também foram identificadas 274 línguas indígenas. Dos indígenas com 5 anos ou mais de idade 37,4% falavam uma língua indígena e 76,9% falavam português.
Mesmo com uma taxa de alfabetização mais alta que em 2000, a população indígena ainda tem nível educacional mais baixo que o da população não indígena, especialmente na área rural. Nas terras indígenas, nos grupos etários acima dos 50 anos, a taxa de analfabetismo é superior à de alfabetização.
Entre os indígenas, 6,2% não tinham nenhum tipo de registro de nascimento, mas 67,8% eram registrados em cartório. Entre as crianças indígenas nas áreas urbanas, as taxas são próximas às da população em geral, ambas acima dos 90%.
A análise de rendimentos comprovou a necessidade de se ter um olhar diferenciado sobre os indígenas: 52,9% deles não tinham qualquer tipo de rendimento, proporção ainda maior nas áreas rurais (65,7%); porém, vários fatores dificultam a obtenção de informações sobre o rendimento dos trabalhadores  indígenas: muitos trabalhos são feitos coletivamente, lazer e trabalho não são facilmente separáveis e a relação com a terra tem enorme significado, sem a noção de propriedade privada.
Em 2010, 83,0% das pessoas indígenas de 10 anos ou mais de idade recebiam até um salário mínimo ou não tinham rendimentos, sendo o maior percentual encontrado na região Norte (92,6%), onde 25,7% ganhavam até um salário mínimo e 66,9% eram sem rendimento. Em todo o país, 1,5% da população indígena com 10 anos ou mais de idade ganhava mais de cinco salários mínimos, percentual que caía para 0,2% nas terras indígenas.
Somente 12,6% dos domicílios eram do tipo “oca ou maloca”, enquanto que, no restante, predominava o tipo “casa”. Mesmo nas terras indígenas, ocas e malocas não eram muito comuns: em apenas 2,9% das terras, todos os domicílios eram desse tipo e, em 58,7% das terras, elas não foram observadas.

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