terça-feira, 20 de setembro de 2016

MS lidera casos de violência contra povos indígenas, diz relatório do Cimi


De 51 casos, 25 índios foram assassinados, segundo relatório.
No estado, há 96 terras indígenas para serem regularizadas.

Juliene KatayamaDo G1 MS
Produtores rurais e índios entram em confronto após ocupação em MS (Foto: Reprodução/TV Morena)Produtores rurais e índios entram em confronto após ocupação em MS (Foto: Reprodução/TV Morena)
Mato Grosso do Sul continua na liderança quando o assunto é violência contra indígenas. Segundo o relatório de Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil – dados de 2015, divulgado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) nesta quinta-feira (15), foram registrados 51 casos de violência, sendo 25 assassinatos de índios.
O Ministério da Justiça informou ao G1 que está realizando o levantamento sobre os dados do relatório do Cimi.
Um dos casos que chamou atenção foi o assassinato do guarani e kaiowá Simeão Vilhalva, em agosto de 2015. A morte ocorreu depois que um grupo de fazendeiros foram até a fazenda ocupada na região de Antônio João entraram em confronto contra a comunidade indígena de Ñhanderu Marangatu.
O decreto de homologação desta área foi assinado há mais de dez anos, mas ela ainda permanece sob a posse de não índios. Essa área está entre as quatro terras indígenas homologadas: Arroio Corá (Paranhos); Sete Cerros (Coronel Sapucaia); Takwarity/Ivykwarusu (Paranhos).
O relatório ainda aponta 12 tentativas de homicídios, cinco casos de lesões corporais, ameaças, violência sexual, racismo e abuso de poder.
Além disso, o levantamento apontou a violência causada por omissão do poder público. No estado, foram quatro casos de desassistência na área da saúde, um de educação escolar e oito de situações gerais.
Em relação à mortalidade infantil, foram registradas 46 mortes em aldeias indígenas sul-mato-grossenses.
Guerra no campo
Segundo o Cimi, há 96 terras indígenas não foram regularizadas por omissão ou morosidade do poder público. Do total, 68 não têm nenhuma providência, 10 aguardam identificação, seis já foram identificadas, oito foram declaradas indígenas e quatro homologadas.
Em outras 10 áreas, tiveram conflitos entre indígenas e produtores rurais em 2015. Os piores confrontos foram em Caarapó e em Antônio João. Em duas regiões houve invasões e exploração ilegal de recursos naturais.

Postado por Carlos PAIM

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